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5ª Conferência Estadual Espírita (2002)

Reflexões de um século de vida
Um clima de muita emoção tomou conta do ambiente por ocasião do encerramento da V Conferência. Foram três dias de intensas atividades e gratificante convívio, que ao se aproximar o grande final, uma onda de saudade pairava no ar.

Dava a impressão de que ninguém queria deixar aquele local, que se revestiu de tanta paz, para enfrentar as dificuldades naturais do dia a dia.

Mas as cortinas se cerraram…

E a multidão foi se evadindo devagar, como querendo aproveitar ao máximo aquela psicosfera de luz…

Mas era preciso ir…

E cada participante estava levando consigo uma boa soma de novos conhecimentos, uma bagagem significativa de consolação, e um bom motivo para reavivar a fé e renovar a esperança…

Foi assim que a Federação Espírita do Paraná – FEP, iniciou as comemorações alusivas ao seu centenário. Oferecendo ao público paranaense e dos Estados vizinhos a oportunidade de mergulhar na mensagem espírita, temperada com a mais profunda ternura e a costumeira lucidez dos oradores Divaldo Franco e Raul Teixeira.

Foram tratados temas importantes e oportunos como O Espiritismo e a Transformação Social, Espiritismo e Vida, Os Fundamentos do Espiritismo e A Vivência Espírita.

Os trabalhadores do Hemisfério Espiritual também se fizeram presentes, se somando aos encarnados nesse marco significativo de um século de realizações.

Alguns dos baluartes do movimento espírita do Paraná enviaram suas mensagens pelas mãos fiéis de Divaldo Pereira Franco e Raul Teixeira:

Meus amigos, meus irmãos

Exoro as bênçãos divinas para todos nós!

Um século de vida e de luz convida-nos a acuradas reflexões.

Na ampulheta dos dias a voragem do progresso alterou completamente a face do planeta.

A Física Linear transformou-se em Quântica, a Biologia atingiu a grandeza molecular, a genética abriu espaços para uma engenharia especial na sua estrutura, enquanto a Psicologia unicista facultou o surgimento da Transpessoal, conseguindo encontrar o Espírito, ampliando os horizontes da vida…

O planeta superpovoou-se e a poluição lentamente asfixia-lhe as reservas de oxigênio para a sobrevivência. Rios e mares sofrem destruição sistemática sob terríveis tóxicos químicos, enquanto a destruição das florestas extingue inúmeros espécimes vegetais e animais, ao tempo em que a ganância imobiliária prossegue enfraquecendo as reservas da vida, face à terrível devastação dos sentimentos que violam os direitos humanos e reduzem o seu próximo à condição de hilota.

Reflexões graves convidam-nos a todos a uma tomada de posição, ante a violência enlouquecida que esfacela esperanças e destrói a alegria, produzindo terríveis dilacerações nas almas…

Concomitantemente, a Ciência médica proporcionou a anestesia de benéficos resultados e a assepsia que facultou êxito cirúrgico, enquanto enfermidades devastadoras puderam ser controladas e quase extintas, outras cruéis doenças vieram substituí-las, quais aquelas de Alzheimer, Parkinson, AIDS, os transtornos de comportamento e os de natureza mental, ameaçando a cultura e a civilização.

A fauce hiante da guerra, devorando milhões de seres que lhe tombam inermes, denuncia a gravidade deste momento de transição.

E o ser que penetra no macro e no microcosmo desvendando-lhe os mistérios, interroga-se aflito, qual fizera o homem primitivo sedento de dominação e caça de priscas eras, sem saber as respostas adequadas para melhor entender os dias que vive, ricos de ciência e de tecnologia e pobres de amor.

No amor encontram-se todas as respostas para as equações existenciais deste momento inesperado e aterrador.
O amor constitui o hálito divino através do qual tudo adquire sentido e significado, proporcionando o encontro do ser consigo mesmo, com o seu próximo e com Deus.

Enquanto o ser humano permanecer indiferente ao amor, as suas serão conquistas horizontais, que permanecerão proporcionando conforto e bem-estar a alguns em detrimento de centenas de milhões que estorcegam no sofrimento e na alucinação. Todavia, quando as blandícias do amor convocam o ser à solidariedade e ao perdão, à ternura e ao companheirismo, à tolerância e à caridade, a Terra deixará de ser mundo de provas e expiações para tornar-se de regeneração.

Para esse cometimento impostergável, todos nós, encarnados e desencarnados, estamos convocados, a fim de oferecermos os melhores esforços de forma que o amanhã seja menos aflitivo do que o ontem, sem as angústias do hoje…

Nesse sentido, a Federação Espírita do Paraná, empenhada na construção da Nova Era, tem se entregado com entusiasmo e ardor nestes quase cem anos de profícua atividade, mantendo pulcra a Doutrina Espírita codificada por Allan Kardec, de modo que os seus postulados insuperáveis constituam roteiro e veículo, carta-guia e destino para as criaturas humanas.

Investir no amor e na iluminação de consciências, mediante a invulgar contribuição do Espiritismo, é compromisso que firmamos na Espiritualidade e deveremos levar adiante, mesmo que a contributo de renúncias e sacrifícios, de abnegação e de doação total, assim apressando a chegada do período de paz e de plenitude.

Aqueles que mourejamos nas fileiras da veneranda Casa que se acerca do seu centenário, rogamos ao Senhor da Vida que nos faculte retornar à liça, de modo que a flama da libertação de consciências e de vidas continue convocando obreiros para a construção da verdadeira sociedade, aquela que se encontra desenhada para o futuro da Humanidade.

Adentrando-nos logo mais, no segundo centenário, temos a certeza de que os tempos chegados logo passarão, facultando que a felicidade deixe de ser uma utopia para transformar-se em realidade plena.

Rogando ao Pai que prossiga conosco nos novos empreendimentos-luz, abraçam-vos aqueles que estiveram antes de vós na labuta federativa, através do amigo devotado e profundamente reconhecido.

Arthur Lins de Vasconcellos
Mensagem psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco,
na noite de 13.4.2002, durante palestra de J. Raul Teixeira

Saudação no Centenário
Meus amigos,

meus irmãos,

Salve Jesus, Modelo e Guia de todos nós.

Honramo-nos com a oportunidade de evocar o primeiro centenário da nossa Casa Federativa do Paraná.

Nada obstante a felicidade que nos envolve nesses tempos comemorativos, hemos de convir que bem pouco logramos realizar até agora, em nome do Senhor da Vida, de acordo com os compromissos que assumimos no Grande Além, antes do berço terreno e após a desencarnação.

Se admitimos que um século é tempo formidável para o homem no mundo, também entendemos que se trata de uma fração pequeníssima de segundo ante os milênios sem conto, que alberga nossa história no seio atemporal do Criador.

Vale refletir em nossas obras nesse primeiro século, a fim de estabelecer os fundamentos dos labores do segundo, que ora iniciamos.

Temos conseguido atuar no seio da cultura espírita, da nutrição e da vestimenta, da profissionalização, da medicação para a saúde de corpos e mentes e da cultura acadêmica. Temos feito amigos incontáveis nos dois hemisférios da vida. Mas, na próxima etapa dos serviços da nossa Obra deveremos dar ênfase ao ser imortal, trabalhando em prol da maior sensibilidade diante da existência a partir da mensagem do luminoso Espiritismo.

É preciso sensibilizar os corações, desarmar as mentes, laborar pela afabilidade e pela doçura, pelo amor fraternal, para que todos retornemos às paisagens bucólicas e dúlcidas da velha Galileia, sob o comando espiritual do Nazareno, ainda pouco conhecido e menos ainda seguido pela pequena parte do mundo que Dele já tem notícias.
Louvemos, assim, o Senhor, em nossa festividade de corações.

Saudemos nesses vinte lustros todos quantos se empenharam e se empenham para que a Obra Federativa não sofra solução de continuidade.

 

No seio dessa vibração feliz, acham-se entre nós, representando o pugilo de incansáveis e devotadas almas que deram fôlego à marcha da Federação, nossos Olympio Alves, Lins, Mariinha, Dolores, Lauro, Honório, Abibe, Hugo Reis, Victor Ribas, abraçando confrades que, reencarnados, conduzem o archote da coragem, da boa vontade, da disposição e da indispensável fidelidade ao Mestre da tumba vazia e a flama da Mensagem formidável do Consolador.

É tempo dos abraços e das meditações amadurecidas.

É tempo de louvores e dos exercícios de fraternidade entre os servidores.

Assevera Jesus que aquele que não consegue ser fiel nas coisas mínimas, jamais se-lo-á nas coisas maiores.
Um século! Agradeçamos ao Cristo a confiança pela ação depositada sob nossos cuidados.

Tantos corações que se confiam aos nossos.

Tantas crianças e tantos jovens que aguardam nossa orientação.

Tantos enfermos psiquiátricos entregues a nossa lucidez.

Tantos desencarnados que esperam nossa vibração, nossa palavra, nosso envolvimento.

E o que aguardaremos para atender a todos de melhor modo?

Rebusquemos as notas dessa experiência centenária e que nos entreguemos, integralmente, à vida operosa dos verdadeiros seareiros da Doutrina dos Espíritos.

Sob o toque de profundas emoções, suplicamos ao Criador bênçãos multiplicadas por nossa Federação Espírita do Paraná, e desejamos abraçar a todos e a todos animar para que possamos juntos dar prosseguimento aos labores do nosso segundo século.

Assim, sou o pequenino servo de todas as horas, a todos envolvendo com grande apreço.

João Pedro Schleder
Mensagem psicografada pelo médium Raul Teixeira, durante a
abertura, no dia 12.4.2002, da V Conferência Estadual Espírita.

 

Apresentação de Raul Teixeira por Divaldo Pereira Franco

Senhoras, senhores, jovens, queridos irmãos no ideal espírita.

Conheci-o, e era uma ave implume que desejava alcançar os alcantis dourados. A sua voz ainda era débil, mas o seu canto era harmônico.

Lentamente acompanhei os seus voos. À semelhança de Ícaro, senti a pujança do astro-rei e fitava-o deslumbrado. Diferente de Ícaro, as suas não eram asas fixadas ao corpo através da cera que o ardente astro-rei poderia derreter. Nasciam do âmago do seu coração e o vi conquistar nuvens, atravessar continentes, levar o seu canto a trinta e sete países e falar de um Astro-Rei muito mais grandioso do que este de quinta grandeza em torno do qual nós nos agitamos no planeta terrestre.

Referia-se a um Astro de Primeira Grandeza, que um dia tomara a enfibratura material e viera também à Terra cantar.

Fascinado por aquela voz desejou imitá-la e tocado pelo verbo inflamado da Sua ternura, desejou também transformar-se em um astro que gravitasse a Sua volta.

Pelas suas mãos, através do sentimento e da mediunidade, o Alto fez que descessem baladas de luz e, vinte e seis obras transformaram-se, nas letras das empresas gráficas, em verdadeiros poemas de eternidade e beleza.

E hoje, com uma plumagem enriquecida de luz, acerca-se cada vez mais do Astro de Primeira Grandeza e canta.

Uma lenda velha da Amazônia narra que o Uirapuru, quando consegue galgar a mais alta parte da floresta e abre o seu bico para cantar, a natureza silencia para ouvi-lo.

Canta Raul, estamos em silêncio para ouvir o teu canto. Estamos ansiosos para escutar as tuas asas acionando a mensagem de amor e a ti, na direção do Astro de Primeira Grandeza e, prometemos-te que viajaremos contigo, para, em torno dEle, todos encontrarmos a imarcescível luz que jamais se apagará. Canta.

Que cante para nós o Professor, Dr. José Raul Teixeira e que façamos silêncio para ouvi-lo.

Apresentação de Raul Teixeira, feita por Divaldo Pereira Franco,
em 13 de abril de 2002, para a palestra Espiritismo e Vida, na
5ª Conferência Estadual Espírita – Reflexões de um Século de Vida.
Em 28.2.2022.

 

Apresentação de Divaldo Pereira Franco por Raul Teixeira

Senhoras, senhores.

Narra a mitologia que Hécate, filha do Titã Perseu, conhecida como resplandecente e de Aristéia, conhecida como a donzela estelar, era a única remanescente sobrevivente dos Titãs, que conseguiu manter seu poder sob a tutela de Zeus, o grande senhor dos deuses do Olimpo Grego.

A notável Hécate era amada pelos imortais e pelos mortais. A sua representação era como uma deusa tríplice. Eram três corpos de três jovens unidos pelas costas, enxergando o mundo em três direções.

Hécate participava dos fenômenos da vida e dos fenômenos da morte. Hécate vivia na Terra, mas podia descer aos infernos e podia subir aos céus. Quando a notável Deméter, desesperada, procurava por sua filha Perséfone, raptada por Hades, o deus infernal, foi Hécate que se apresentou a Deméter com um facho de luz, arrebatou-a para a intimidade solar, para confortá-la, para dar-lhe bom ânimo e na intimidade da luz solar, Deméter pôde, então, tomar contato, tomar conhecimento do destino de sua filha Perséfone, que havia sido sequestrada.

Nosso Divaldo Pereira Franco tem algo de Hécate, porque ele é capaz de viver também nesta tríplice dimensão. É o homem amigo, é o homem conferencista espírita, é o homem médium espírita.

É capaz de conviver com os pobres e com os potentados, tem capacidade de descer aos infernos das vidas humanas e agraciar-se na convivência dos Espíritos Nobres, na simbologia celestial.

Diante de todas as dores daqueles que têm as esperanças raptadas, o bom ânimo sequestrado, Divaldo Franco, como Hécate, é capaz de trazer, com o facho de sua palavra, com as luzes dos ensinamentos dos imortais, a orientação, a lucidez, demonstrando caminhos e fazendo-nos arrebatados ao sol dos tempos novos, enxergar a realidade das coisas, conhecer as razões das coisas e dar um novo tino às nossas vidas.

É esse baiano de Feira de Santana, com quase duzentos livros publicados, com milhares de filhos de outros pais, de outros corpos, criados por seu amor, alimentados por sua esperança e fé, é esse homem que viaja através de quase sessenta países, por todos os Continentes do mundo, sem descanso, sem cansaço.

É esse o nosso venerando amigo, reverenciado pelos mortais e pelos imortais, abençoado por Jesus de Nazaré, aquele a quem teremos a honra de passar a palavra e a felicidade de ouvir.

Com Divaldo Franco, a mensagem de hoje.

Apresentação de Divaldo Pereira Franco, feita por Raul Teixeira,
em 12 de abril de 2002, na abertura da 5ª Conferência Estadual Espírita
– Reflexões de um Século de Vida, intitulada Violência e paz nos tempos novos.
Em 28.2.2022.