6ª Conferência Estadual Espírita (2004)
Foi em agosto de 1994, que se realizou a I Conferência
Estadual Espírita. Era então Presidente da Federação Espírita do Paraná,
Maurício Roberto Silva, em sua primeira gestão. De lá para cá, ela se tem repetido,
em todos os anos pares, alternando com o Simpósio Paranaense de Espiritismo,
que ocorre nos anos ímpares.
Com uma estrutura que se foi modificando ao longo dos anos,
engloba, hoje, duas Conferências, Seminários e painel, permitindo ao público
acompanhar todos os eventos que ocorrem, durante os três dias.
Também se transladou a Conferência, do mês de agosto para
abril, eis que aquele é período de intenso frio na Capital paranaense, o que
vinha castigando a companheiros, em especial os provenientes de regiões quentes
ou ao menos não tão frias.
Neste ano, 2004, a Conferência em sua sexta versão,
revestiu-se de inusitada emoção. Não bastasse a comemoração dos 140 anos de O
Evangelho segundo o Espiritismo, conforme o tema central – A SAGA DO AMOR NA
TERRA, aconteceram ainda as comemorações aos 50 anos de Oratória Espírita de
Divaldo Pereira Franco no Paraná, e os 30 anos de Oratória Espírita de Raul
Teixeira, na terra das Araucárias.
Aos oradores Divaldo e Raul, que se fizeram presentes desde
a realização da I Conferência, aliou-se Sandra Borba Pereira, de Natal, Rio
Grande do Norte.
Durante as duas Conferências, nas noites de sexta e sábado,
Seminários e Painel, no sábado à tarde, domingo pela manhã e à tarde, os três
se revezaram no brilho das exposições de O Evangelho segundo o Espiritismo.
Divaldo Pereira Franco, o tribuno baiano, abriu a
Conferência, com o tema: O PAPEL DE JESUS ANTE A HUMANIDADE e deu sequência,
com o Seminário O AMOR A DEUS E AO PRÓXIMO NA VIDA SOCIAL, quando tocou
profundamente os corações ao narrar a história verídica de Leland Stanford e
seu amor aos órfãos, a quem chamava irmãos.
Enumerando razões para se crer em Deus, discorreu a respeito
da lei das probabilidades, a inexistência do acaso, a maravilha de genes e
cromossomos, a imaginação, o instinto dos animais.
A vida! Que é a vida? – perguntou, para responder em
seguida: A vida é um escultor – não existem duas folhas sobre a Terra
absolutamente iguais. A vida é um químico que transforma adubo em perfume,
flor…
Com o verbo sempre eloquente, conduziu o público atento a
uma viagem do micro ao macrocosmo, evocando o Salmo XIX, de Davi, conforme
registrado no versículo primeiro: Os céus proclamam a glória de Deus, e o
firmamento anuncia a obra das suas mãos.
Ao encerrar a sua participação, no domingo à tarde, através
de sua mediunidade psicofônica, o Espírito Bezerra de Menezes, sempre amorável,
se manifestou, deixando primorosa página.
Raul Teixeira, na Conferência A VIBRAÇÃO DO CRISTO SOBRE O
MUNDO, narrou a lenda mitológica da criação dos seres, envolvendo Prometeu e
Epimeteu. Finalmente, a caixa de Pandora, que despejou sobre o mundo toda sorte
de paixões vis, mesquinhas e algumas virtudes remanescentes, permanecendo em
sua intimidade a Esperança.
Traçou um perfil dos problemas da atualidade, trabalhando
exatamente os textos evangélicos em que o Divino Pastor se reporta à
necessidade do escândalo e da responsabilidade de quem o provoca, dos lugares
sagrados sendo atingidos pela abominação e textos excelentes como os do
capítulo VI da monumental obra homenageada, O Evangelho segundo o Espiritismo:
Venho, como outrora aos transviados filhos de Israel, trazer-vos a verdade e
dissipar as trevas…
E no seminário A MATURIDADE DO SENSO MORAL E O ESPIRITISMO,
após adentrar pelos conceitos da Ética, segundo Adolfo Vásquez, aprofundou
reflexões em torno do cap. XVII, item 4, de O Evangelho segundo o Espiritismo
(Sede perfeitos), enfatizando que O Espiritismo não institui nenhuma nova
moral; apenas facilita aos homens a inteligência e a prática da do Cristo,
facultando fé inabalável e esclarecida aos que duvidam ou vacilam e de que a
hora se faz em que nos devemos empenhar na propagação da sã Doutrina, sacrificando
nossos hábitos, nossos trabalhos, nossas ocupações úteis. (O Evangelho segundo
o Espiritismo, cap. XX, item 4)
Sandra Borba teve como tema para o seu seminário A LEI DE
AMOR: POR QUE O AMOR TUDO SUPERA?
Tracejando perfis de criaturas que expressaram, na Terra,
excelentes qualidades do amor, trouxe considerações em torno das vidas de
Madalena, a equivocada de Magdala, conquistada pelo amor do Cristo; Pedro e o
amor de superação, especialmente no episódio em que se deve posicionar entre as
ideias defendidas pelo Apóstolo Tiago e as do Apóstolo dos gentios, Paulo de
Tarso; Albert Schweitzer e seu amor incondicional aos negros da África
Equatorial francesa, no século XX; Francisco e Clara de Assis, como exemplos da
superação das riquezas do mundo, dos gozos da juventude.
Em todos os intervalos, Divaldo e Raul se colocaram à disposição para os
autógrafos, cumprimentos, atendendo incansáveis às extensas filas que se
renovavam, a cada período.
Os lançamentos
Já se tem constituído praxe o lançamento de obras espíritas
durante as Conferências ou Simpósios. Desta feita, a FEP lançou a obra: Lins
neste mundo e no outro. O livro, em duas partes, traz na primeira uma coletânea
de artigos escritos por Lins de Vasconcellos, 7º presidente da FEP, publicados
no jornal Mundo Espírita, no período de 1932 a 1952, culminando com as linhas
escritas nas horas da madrugada, que antecederam a sua desencarnação, em 21 de
março de 1952.
A segunda oferece 24 mensagens da lavra mediúnica de Divaldo
Pereira Franco, gentilmente ofertadas pelo próprio médium à Federativa
paranaense, em gesto de expressivo desprendimento.
Com capa muito sugestiva, prefácio do Espírito Joanna de
Ângelis, em 200 páginas, a impressão que se tem é exatamente a de que o velho
jequitibá apenas repousou sobre o banco do bosque a pasta, as folhas, a caneta,
os óculos, para logo mais se revelar, de outra dimensão, como sempre foi, o
homem nobre, o trabalhador incansável, o espírita preocupado com a boa
divulgação doutrinária, a Unificação.
Divaldo lançou o romance de Victor Hugo, Quedas e Ascensão,
que retrata a Espanha do início do século XIX, onde as personagens são vencidas
pela paixão e ambição, culminando com as suas dores e alegrias em sua ascensão
espiritual, nas terras de um país da América do Sul.
Lições para a felicidade, do Espírito Joanna de Ângelis,
também foi ofertada ao público. Trata-se de sugestões saudáveis, convidando as
pessoas a uma revisão da própria existência e a uma releitura do Evangelho com
visão mais abrangente e moderna estribada na realidade dos dias que passam.
Para uso diário, do Espírito Joanes, pauta-se nas evocações
felizes de O Evangelho segundo o Espiritismo, como inspiração valiosa para as
nossas ações do dia a dia, seja qual for o momento que estejamos vivendo no
mundo.
Joanes, em uma de suas reencarnações, chegou às terras
pernambucanas, pelos idos do século XVII, com as tropas de Maurício de Nassau.
Quando esse retornou a Europa, o jovem militar e notável pintor permaneceu nos
pagos nordestinos, onde desencarnou em avançada idade.
As homenagens
Em vários momentos foram feitas homenagens a Divaldo Pereira
Franco e Raul Teixeira. Um vídeo, relatando suas viagens pela terra das
Araucárias, seus seminários, encontros, conferências, foi ofertado a cada um e
mostrado ao público, emocionado e atento, que aplaudiu em pé e por longos
minutos, demonstrando o quanto ia de gratidão em cada coração.
Ainda brindou a FEP a Divaldo com a publicação da obra Lins
neste mundo e no outro, registrando em sua apresentação que a Federação
Espírita do Paraná cumpre um dever de gratidão ao trazer a lume esta obra,
homenageando dois grandes benfeitores: Lins… e Divaldo Pereira Franco, cidadão
honorário de Curitiba, orador emérito e que completa no mês de abril de 2004, o
cinquentenário de sua oratória espírita em terras paranaenses.
Os 30 anos de oratória espírita de Raul Teixeira foram lembrados em volante
impresso, com mensagem recebida por sua mediunidade, do espírito Ivan de
Albuquerque: Segundo o Espiritismo.
Por fim, ao encerramento, Divaldo, Raul e Sandra (esta a
quem foi ofertado um vídeo especialmente criado pela sua estreia na
Conferência), ouviram emocionados a música que lhes foi composta para a ocasião
Amigos, de autoria de Ricardo Ribeiro, na voz do autor e Lucia Salamoni,
acompanhados ao teclado por Sandro Ovsiany.
Culminando, sob uma chuva de aplausos, o público em pé,
Divaldo, Raul e Sandra receberam ramalhetes de flores brancas e vermelhas de
crianças que subiram ao palco, descontraídas e alegres.
?
Paz de Amigo – Ricardo Ribeiro
Amigo, mais que mil palavras tua voz nos traz
Gotas de afeto, de alegria e paz
É bom saber que tenho amigo,
Mais que mil palavras que vêm e vão
Tesouro tatuado em nosso coração
É bom poder contar contigo
Faz alguns anos tua voz
Ecoa em nossa alma
Vara o tempo e a amplidão
Trazendo luz e calma
Lições eternas, em versos de amor e paz
De amigo… amigo… amigos…
Como o sol, que nasce a cada dia e traz a esperança
Com a lucidez de homem e força de criança
Com pétalas de luz em forma de oração
Verbo que encanta e canta o amor à vida
São tantas chegadas e tantas partidas
A semear a Boa Nova, a mais bela canção
50 anos
1954… Cinquenta anos atrás: proclama o tempo do relógio…
Mas quem é capaz de estabelecer a real medida pelo tempo
das batidas do coração?
Quem conseguiria mensurar o ritmo de nossas vidas nesses
cinquenta anos…
Quem poderia perceber o quanto uma alma iluminada que já
viveu seus dias segundo batidas do coração pode realizar em nossas próprias
almas, neste meio século de lucidez espiritual…
Talvez por alguns centésimos de segundo possamos
compreender…
Ou se ouvíssemos o que as batidas de nossos corações têm
a dizer…
Sobre um certo Divaldo… sobre um certo farol a proclamar
aos quatro cantos do mundo… que a luz existe, que o amor resiste e que a fé
persiste… sempre…
As batidas de nossos corações nunca foram as mesmas
depois de conhece-lo…
Sístoles e diástoles receberam convites irrecusáveis de
seguir o Cristo em nosso dia a dia…
Nossos olhares incertos viram em seus olhos e além, a
certeza da presença constante do Criador em nossas vidas…
Cinquenta anos… e depois de tantas viagens e
peregrinações, descobrimos que éramos nós que estávamos viajando todo o tempo.
Viajávamos em suas palavras, em suas histórias, nas suas contemplações de um
mundo melhor.
Viajamos sim, todos nós, por cinquenta vezes em torno de
seu sol…
Os números dizem que já se passou muito tempo. Mas a
memória ignora: é como se tivesse acontecido ontem. Assim é: o que a memória
ama fica eterno. Eternidade é o tempo quando o longe fica perto.
Obrigado, Divaldo.
30 anos
Era inverno de 1974…
Um jovem, como o pássaro encantado de uma lenda, pousou
pela primeira vez na terra das Araucárias…
Alguém, certa vez, o comparou a um uirapuru…
O uirapuru é um pássaro encontrado na Amazônia. Há uma
lenda que diz que o uirapuru atrai bandos de aves com seu belo canto…
Os caboclos mateiros dizem com grande convicção que,
quando canta o uirapuru, a floresta silencia. Como se todos os cantores
parassem para reverenciá-lo.
Outono de 2004…
Trinta invernos se passaram desde que se ouviu pela
primeira vez o seu canto no solo do Paraná…
José Raul Teixeira. Quantas cores já nos trouxe este
pássaro encantado… quanta alegria… consolando nosso coração… mostrando novas
realidades da vida… contando histórias de outros tempos…
Quantas terras conhecemos no encanto de suas palavras…
E o uirapuru volta… em todas as estações… renovando
ideias, florindo caminhos, iluminando consciências, aquecendo corações…
Ele traz notícias de um Reino que não é daqui…
E o seu cantar é de esperança e otimismo…
Ele sempre vem… mas sempre tem que partir…
Precisa levar seu canto a outros recantos…
Vontade de retê-lo… sim, temos…, mas o seu encanto está
na liberdade de estar em todos os lugares…
Ele sempre precisa partir…, mas o seu canto fica e
alimenta a saudade de um novo reencontro.
Todos os espaços ficaram encantados. Ele poderia vir de
qualquer lugar. E todos os tempos ficaram encantados: a qualquer momento ele
poderia voltar.
Obrigado Raul.
Em nome do Amor
É assim o amor, portador de grandes milagres!…
É assim que nos devemos comportar em todos os dias das
nossas vidas.
Essa é a nossa atitude, legatários que somos do amor de Deus
nestes tumultuados dias da Humanidade.
Ouvistes a proposta do amor através das mensagens que vos
foram dirigidas.
Sentistes o calor do amor em vossos corpos e a sua proposta
em vossas emoções.
Ide, agora, e incendiai a Terra!…
O amor quando alcança as paisagens do coração arde e nenhum
vendaval logra apagar a chama que crepita, transformando aquele que a carrega
em um facho de luz.
É noite na Terra, filhos da alma, e é indispensável que vos
transformeis em estrelas para diminuir a escuridão que se abateu subitamente
sobre a sociedade.
Jesus chama-nos desde há dois mil anos, e o Consolador
convoca-nos para que não digamos amanhã…
Agora, meus filhos, é o instante de atearmos o incêndio que
irá renovar as paisagens ermas do Planeta de Provas, a fim de que logo mais a
Regeneração tome conta de todos os corações.
Não postergueis a oportunidade de amar.
Não revideis ofensa por ofensa, nem mágoa por mágoa ou dardo
por dardo.
Convocados a expor a verdade, não vos transformeis em
sicários de outras vidas.
Envolvei a verdade na lã do Cordeiro de Deus e atirai-a
naqueles que dormem na ignorância ou que se encontram anestesiados pela ilusão
lembrando-vos de Jesus, afirmando: Eu venci o mundo.
Nem todos vencereis no mundo, mas se quiserdes vencereis,
sim, o mundo das paixões perturbadoras e perversas…
Ide, pois e amai!…
Esta é a hora de instaurardes na Terra a proposta de Jesus
construindo o mundo novo que já se encontra em vossos corações.
Muita paz, meus filhos!…
Com um abraço carinhoso, o servidor humílimo e paternal de
sempre,
Bezerra.
Mensagem psicofônica recebida pelo médium Divaldo Pereira Franco,
no encerramento da VI Conferência Estadual Espírita, em 25 de abril
de 2004, no Palácio de Cristal, em Curitiba/PR.