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12ª Conferência Estadual Espírita (2010)

Em um final de semana memorável, quem teve a oportunidade de participar da XII Conferência Estadual Espírita realizada nos dias 12,13 e 14 de março [2010], pôde confraternizar num clima de paz e harmonia.

Iniciando com uma bela apresentação da Orquestra da Paz, com o Grupo Vocal Sou da Paz e com o coro do teatro da FEP, regido pelo maestro Plínio de Oliveira, os dias se desdobraram céleres com apresentações magníficas dos expositores convidados, iniciadas por Divaldo Franco.

A maratona de apresentações continuou no sábado com Sandra Borba, Alberto Almeida e Divaldo Franco, encerrando com Raul Teixeira. No último dia, domingo, Alberto Almeida e Raul Teixeira se responsabilizaram pelos seminários e, durante o encerramento, Bezerra de Menezes nos brindou com mais uma bela mensagem, por psicofonia de Divaldo Franco.

Em todos os espaços do local da realização do evento, foi possível sentir a harmonia do ambiente. Desde o grande auditório até a praça de alimentação, durante os intervalos, foi possível confraternizar, rever os amigos do Movimento, realizar reuniões ou, simplesmente, ler alguns trechos do livro recém adquirido na livraria ou ainda ler uma matéria do Jornal Mundo Espírita, distribuído durante o evento. O clima de leveza se fez sentir nas atitudes dos voluntários que trabalharam com presteza, esbanjando sorrisos e simpatia.

Quando a vinheta de encerramento foi apresentada nos telões, a saudade já apertava o coração de muitos que ali se encontravam e, entre aplausos e lágrimas, se misturaram os abraços e sorrisos de satisfação e de alegria por ver mais um evento concluído com absoluto sucesso.

Dias inesquecíveis marcados para sempre em nossas mentes e corações.

Compareceram ao evento aproximadamente trinta mil pessoas. Vinte e cinco mil internautas acompanharam o evento pela TVCEI.

Oitenta novas assinaturas do Jornal Mundo Espírita foram subscritas. Foram vendidos mais de dois mil livros, CDs e DVDs, na Livraria da FEP.

A banca de livros psicografados por Divaldo Franco bateu o recorde de vendas.

A venda dos livros de Raul Teixeira superou os números do ano passado.

Dentre o pessoal que operacionalizou o evento, estiveram presentes: trezentos e um voluntários, trinta e oito funcionários da Federação, trinta e seis músicos, vinte e cinco crianças e outros vinte e dois adultos.

As refeições, preparadas e servidas pela FEP, totalizaram novecentas, distribuídas nos três dias de evento.

Noite de sexta-feira

Divaldo Franco – Palestra O milagre da vida.

Depois de exaltar os exemplos da vida na Natureza e destacar a função da vida como sendo a da evolução do psiquismo, Divaldo apresentou as várias definições de vida sob a visão de filósofos e cientistas, concluindo que a vida é o milagre do amor de Deus.

Conduziu todos em uma mágica viagem sobre a formação do Planeta, usando como referência o livro A caminho da luz, de Emmanuel, psicografado por Chico Xavier.

Contou a história de Francis Sellers Collins, um geneticista estadunidense, um dos cientistas mais respeitados da atualidade, diretor do Projeto Genoma Humano e um dos responsáveis por um feito espetacular da Ciência moderna: o mapeamento do DNA humano. Citou a obra A linguagem de Deus, de Collins, que é cristão declarado, em que o cientista expressa sua visão de que Deus se expressa no comportamento moral reto de cada pessoa.

Seguindo nas descrições sobre as descobertas científicas em relação ao estudo da genética, do cérebro humano e dos coeficientes de inteligência emocional e espiritual, correlacionou as perguntas de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, e a obra de André Luiz, Os missionários da luz, psicografada por Chico Xavier, concluindo que o milagre da Vida já estava muito bem esclarecido na codificação kardequiana e nas obras complementares.

Finalizou com a emocionante história de Jesus e Seu encontro com a vendedora de ilusões, que se encontra no capítulo 18, do livro Contos e apólogos, de Humberto de Campos (Irmão X), psicografado por Chico Xavier, concluindo que Jesus foi o mais sublime exemplo do amor, o verdadeiro milagre da Vida.

Manhã de sábado

Sandra Borba – O ser existencial.

Sandra Borba, nesse primeiro encontro, discorreu sobre os dois comportamentos humanos mais comuns, resultantes de sofismas históricos: o materialismo, que acredita na complexidade biopsicossocial do ser, que carrega uma atividade neuronal definida como alma, responsável pela angústia de viver e pelo medo da morte física, e o espiritualismo, que acredita na continuidade da vida após a morte, porém enfrentando um tribunal que poderá decidir por penas eternas.

Em linguagem simples e cativante, Sandra nos lembrou do papel fundamental da Doutrina Espírita, que trouxe uma nova abordagem à problemática materialista e espiritualista, unindo de forma clara a dimensão psíquica e a social incrementada com a dimensão espiritual, através de uma visão de plenitude, de integração, sem, no entanto, desprezar o aspecto físico representado pela reencarnação, que traz consigo todas as limitações do ser, principalmente quando em contato com as provações.

A Doutrina Espírita é a ciência que consegue explicar nossas aversões, antipatias exageradas e complexos e que mostra a saída através da libertação dos atavismos. Esses atavismos, relacionados com a bagagem que trazemos de outras vidas e que nos fazem estranhar a pessoa que vemos diante do espelho é que nos remete à pergunta: Quem somos?

Em uma colocação muito apropriada, Sandra Borba mencionou Jean-Paul Sartre, filósofo francês, representante do existencialismo, segundo o qual o inferno são os outros. Esta expressão se encaixa na filosofia espírita, na medida em que reconheçamos no outro o caminho para sairmos da situação de conforto. O outro é que nos exige o aprendizado da caridade e da tolerância a fim de que alcancemos a libertação. Nesse sentido, a convivência é que nos permite o desenvolvimento das habilidades morais imprescindíveis à evolução.

Confirmação da necessidade da vivência social é a formação da família, com especial enfoque na criação dos filhos: Os filhos, na família espírita, devem entender que não são crianças, ESTÃO crianças; não são jovens, ESTÃO jovens. Com esta frase, Sandra reforçou a importância dos familiares no auxílio àquele ser que chega ao seio familiar para superar os vícios e descobrir o valor da sua existência.

Referindo-se aos conflitos familiares, com as suas colocações inteligentes e bem humoradas, nos lembrou que nascemos onde precisamos nascer e que ninguém se perde, porque todos temos GPS espiritual. Lembrou-nos ainda que o grupo familiar força nossa convivência para o reajuste, seja como família bênção ou como família expiatória.

Fechando o seu discurso, Sandra Borba nos deixou a mensagem de que a evolução, às vezes, é dolorosa, mas sem dedicação não existe êxito e de que a felicidade é fruto do progresso moral e intelectual. Devemos nos lembrar sempre que o ser humano necessita do contato com os outros e com a Natureza para a sua evolução. E ainda, se desejarmos sinceramente sermos melhores; se identificarmos nossas limitações e lutarmos constantemente para a superação, com alegria, bom humor e esperança, atingiremos a tão almejada plenitude espiritual.

Alberto Almeida – O desafio de lidar com as emoções: medo, tristeza, agressividade e alegria.

Iniciando seu seminário, Alberto abordou as relações estelares e a necessidade do encontro entre os indivíduos.
Polarizou a atenção de todos ressaltando a importância de se adquirir habilidades para viabilizar esse encontro de constelações de estrelas mergulhadas na matéria, referindo-se aos Espíritos encarnados.

Comparou a estrutura psicológica do ser humano a um rio. O leito do rio seria a estrutura interior egoica, ou simplesmente o ego; as águas seriam as emoções ou as sinergias que fluem; a margem, o lugar mais raso, onde é possível encalhar e o canal do rio, onde a navegação se dá de forma mais segura, como o eu divino.

Dentre as emoções que fluem em nossa personalidade, Alberto destacou quatro delas, que seriam, segundo alguns autores, as emoções básicas do ser humano:

A agressividade é uma energia natural e necessária ao ser humano, não sendo boa nem má, mas que pode ser destrutiva ou construtiva. Alberto percorreu um caminho teórico sobre a utilização da agressividade de forma negativa, colocando uma escada sequencial de sentimentos decorrentes dessa agressividade: irritação, cólera, fúria, ódio e crueldade. Concluiu que o essencial é a identificação da agressividade de forma a poder controlar esta emoção e utilizá-la de forma positiva ou construtiva;

O medo. Todos temos medo. Esta frase foi repetida diversas vezes por Alberto Almeida, a fim de que o público presente fizesse o contato com sua verdade interna e reconhecesse esta emoção que necessariamente faz parte da nossa personalidade, até mesmo pela lei de conservação. O objetivo foi estabelecer uma permissão interna para sentir medo e poder controlá-lo;

A tristeza. A falta de preparo para lidar com esta emoção é decorrente, muitas vezes, de perdas e frustrações, absolutamente naturais no decorrer da vida. Citou parte do Sermão da Montanha: Bem-aventurados os que choram, destacando a importância de chorar e de deixar chorar;

A alegria. Alberto alertou sobre o perigo de interiorizarmos um costume popular que estabelece que ser alegre é correr riscos, sugerindo que expressemos nossa alegria em risos e abraços sinceros, em dar notícias boas etc.

Os aspectos negativos destas emoções (as margens do rio) são:

agressividade – violência
medo – fobias
tristeza – depressão
alegria – euforia.
E os aspectos positivos (canal do rio, parte mais profunda):
agressividade – ação lúcida
medo – prudência
tristeza – introspecção
alegria – entusiasmo.
Finalizando, Alberto Almeida destacou a importância do Espiritismo nesse mergulho para dentro de si, buscando o eu sagrado, a dimensão sélfica: o brilho da estrela.

Tarde de sábado

Sandra Borba – Autodespertamento.

Mencionando o trabalho da psicoterapeuta Hanna Wolf, segundo a qual o primeiro passo para qualquer processo de emancipação, de cura, de libertação, é desejar, Sandra Borba iniciou a abordagem do tema.

O estado de torpor que tanto nos atrapalha para a realização de tarefas é, atualmente, uma das causas da dependência que muitas pessoas têm da assistência pública e da caridade, pois essa situação pode ser mais interessante do que ir à luta.

Mencionando o filósofo espírita Léon Denis, Sandra começou a discorrer sobre a consciência de sono representada por uma acomodação, uma adaptação à situação atual sem ideais, sem desejos de renovação e de mudança. Infelizmente, essa é a situação de boa parte da Humanidade. Muitos estão dormindo por não aceitarem o desafio de construir um mundo melhor; de reverter uma sociedade de violência, de discriminação, de exclusão social, de humilhação e de intolerância.

Mas, superar a consciência de sono demanda esforço, trabalho, que a Doutrina Espírita define como ocupação útil. O esforço tem que ser compreendido como necessário para que haja reação e essa reação acontece, muitas vezes, mencionando as palavras do Espírito Emmanuel, quando a criatura se sente chamada para a mudança.

Como diretriz para a mudança, a pergunta de Allan Kardec aos Espíritos Como podemos fazer para vencer a inclinação que temos de acomodação e preguiça?, foi respondida por Santo Agostinho: Conhece-te a ti mesmo. Foi o caminho que Sandra usou para chegar ao assunto autoconhecimento, afirmando a importância de sermos o que aparentamos, principalmente quando nos definimos como espíritas. Em suas palavras: Espírita deve ser nosso sobrenome. Devemos lembrar que o autoconhecimento é a chave do progresso individual, da mudança.

Jesus nos mostra os caminhos para esse processo: observai, vigiai e orai. Só observa, só avalia a situação quem está desperto, quem está alerta. Vigia aquele que se dispõe a direcionar a observação para o ponto certo, o que requer uma atenção pontual e uma coragem moral para atuar nesses que são os pontos fracos. Ora, quem está imbuído de seriedade, de serenidade, é apto a suplicar, como um exercício de humildade.

Sandra mencionou a atitude que temos observado de mitificar Chico Xavier. Se mitificamos, olhamos para nosso irmão na forma de endeusamento, significando que o outro pode fazer coisas que nós não podemos. Neste caso, projetamos no outro o que queremos ser, mas dizemos que o outro tem as condições de excelência que nós não temos e, a partir desta premissa, nos acomodamos. Temos muito carinho pela figura de Chico, mas nos preocupa esta tentativa de beatificação, de santificação, de canonização, pois significa que não trazemos o que é mais importante, isto é: que lições aprendo com as lições dele para aplicar na minha vida? Esta é a verdadeira homenagem que podemos fazer a Chico Xavier.

Nesse sentido, Sandra alerta para a necessidade de enfrentarmos as nossas limitações com coragem, com o apoio dos nossos mentores espirituais, com o estudo, a dedicação, o trabalho, o exercício da prática do bem junto às nossas casas, às nossas instituições, com o exercício das virtudes, da humildade, da solidariedade, da compaixão e da tolerância, que são ações renovadoras e que levarão ao despertamento.

Temos o sono fisiológico, letárgico, cataléptico, mas o pior de todos os sonos é o sono da consciência, que preferiu a intolerância, que preferiu o crime, que preferiu abdicar ou adiar sem data o encontro consigo mesmo, o encontro com a própria consciência, que deve refletir nossas necessidades, o encontro com o Evangelho do Senhor.

Finalizando a sua explanação, Sandra reafirmou a necessidade de nos encontrarmos com as leis do equilíbrio, no campo moral e emocional, a fim de prosseguirmos evoluindo e que o mecanismo do autodespertamento é a ação no bem, a revisão dos nossos equívocos, enfrentando as ações para a aprendizagem da Lei Divina, a única que nos conduzirá à felicidade verdadeira.

Divaldo Pereira Franco – Lições de vida.

No final da tarde de sábado, Divaldo nos conduziu a inúmeras reflexões sobre as lições de vida, contando-nos belíssimas histórias que traziam lições grandiosas sobre o real significado da vida e da felicidade real.

Passando por histórias sobre Creso, o último rei da Lídia; pela terapia do abraço e chegando às experiências da Mansão do Caminho, Divaldo envolveu todos com as lições que nos são apresentadas diariamente.

Entrou na questão psicológica do ser, destacando a divisão da psique do ser, em self e ego, no surgimento da consciência, ficando o self com a parte da imortalidade e o ego com as sensações. Descreve o caminho a ser percorrido pelo Espírito: egocentrismo, egotismo, egoísmo, ego/self, nos caminhos das conquistas dos valores éticos.

Destacou, por fim, o papel do Espiritismo neste contexto de despertar o ser para a vida eterna, mostrando que a vida tem seus desafios mas que também apresenta soluções e que o Amor é a alma da vida, e o milagre da vida é o Amor.
Noite de sábado

Raul Teixeira – Desafios e superações.

Raul iniciou sua participação na XII Conferência Estadual Espírita fazendo-nos refletir sobre os momentos decisivos e desafiadores que passamos na Terra, exigindo de nós uma postura estoica perante a vida. Destacou os desafios da vida familiar e a figura do idoso na família.

Detalhou a velhice no mundo, destacando o abandono e o desrespeito com os idosos e, com várias colocações feitas por pensadores do planeta, delineou um panorama em torno da velhice.

Quando apresentou os desafios de envelhecer, destacou a importância de não esperar envelhecer para começar a se iluminescer e que somos escravos do nosso passado, porém construtores do nosso porvir.

Encerrou lembrando que envelhecer faz parte do processo e narrando a bela história do livro Boa Nova, do Espírito Humberto de Campos, psicografado por Chico Xavier, no capítulo intitulado Velhos e Moços.

Manhã de domingo

Alberto Almeida – Bases para a autorrealização e a felicidade.

Considerando-se que a felicidade é um desafio para os seres humanos, Alberto Almeida iniciou a sua exposição analisando a pergunta de O livro dos Espíritos: É possível a completa felicidade na Terra?

Fazendo uma incursão pela infância e aprofundando algumas características dessa fase, a reflexão seguiu até a consolidação da primeira infância. Dá-se, então, início à fase seguinte, a da confrontação, onde o ser molda seu ego (seu eu idealizado) de forma diferente, escolhendo uma das três vias: a do eu superior, que tem como característica vencer os outros, estar na frente, ter sucesso, poder, fama, status; a do pseudossanto que tem como característica a necessidade de agradar aos outros, sendo submisso, sem opinião, guardando mágoa e se achando recebedor de esmolas; a do eu pseudoguru, que se isola da convivência social, demonstrando uma personalidade covarde perante a vida.

A proposta do Espiritismo é a da quarta via, que é a de olhar para dentro de si, dar conta de suas próprias demandas, em uma atitude mais ousada.

A permanência numa das três vias primeiras contempla uma ideia de felicidade flutuante. Por isso a importância do autoconhecimento ou consciência de si.

Alberto seguiu refletindo sobre a felicidade e chegou à conclusão de que ela está ou é um caminho e não uma meta ou um ponto de chegada. Destacou a importância da autovalorização, fazendo a ressignificação da dor e deixando que brilhe vossa luz, sugerindo para isso a meditação, a atitude de servir, a caridade, sem procurar o reconhecimento externo.

Dessa forma, devemos buscar a felicidade diariamente, tornando cada ato um momento de encontro, um momento de amor.

Raul Teixeira – Energias da vida e hábitos mentais: sensações e emoções.

Iniciando seu seminário de domingo, Raul Teixeira trabalhou a pergunta número 23, de O livro dos Espíritos: O que é o Espírito?

Raul conduziu o público a uma reflexão sobre as trindades do pensamento religioso: Deus, Espírito e Matéria; dos aspectos do Espiritismo: Filosofia, Ciência e Religião; e da formação do ser em Espírito, Perispírito e Corpo.
Em torno do pensamento, Raul comentou sobre as formas de onda que ele emite: longas e com menor intensidade, quando os pensamentos são menos elevados e curtas e com maior intensidade, quando falamos de pensamentos elevados.

Fez uma análise da evolução do planeta, das fases e da influência do pensamento humano no fluido cósmico universal.
Para finalizar sua participação na conferência, Raul Teixeira analisou as questões 245, 249, 251 e 252 de O livro dos Espíritos, destacando as diferenças entre as ondas de energia emitidas pelas sensações e pelas emoções.